Disneilêndias

sábado, março 18, 2006

Chapt 9.

O anão não quis perder muito tempo. Despediu-se de maneira genérica e voltou galopando num pônei para o acampamento da Serviços & Serviços. Estava decidido a pensar uma tática de convencimento promissora, jovial e moderna. Reuniu-se com os estagiários e os publicitários. O staff parecia se articular, enquanto os moradores retomavam suas rotinas.

A cidade acordava, urinava, cuspia, comia, arrotava e rezava cantando, como de praxe. A saudade dessa vida regrada fez com que um filho pródigo retornasse ao lar. É o atual vendedor de leite semi desnatado que conta sua trajetória.

Ainda adolescente, percebeu que tinha uma missão a ser realizada no planeta. Juntou um dinheiro e rumou em direção a São Juscelino, uma megalópole cosmopolita. O nobre propósito era vender cadeiras de praia numa tentativa de institucionalizar a conversa de porta, ou melhor, o bate-boca de vizinhança, ou melhor, o leva e traz e assim por diante a preços de fábrica. Imaginava que a classe média citadina não se conhecesse muito bem, nao falassem mal mas também não falassem bem uns dos outros, e isso tudo dificultaria em caso de uma guerra, duma calamidade pública ou de uma promoção da tv a cabo. Daí as cadeiras de veraneio. Infelizmente falhou logo na viagem de ida, foi parar numa tal de São Paulo, muito mais esquisita e irreconciliável.

O mendigo se mostrou indignado. Cadeiras de praia? Que mané. Resolveu cooptar o cidadão.

- Olha, querem me ferrar. Como fizeram comigo no verão de 87.

- O que aconteceu em 87?

- Agora. Uma turma aí. E como se não fosse muito, eles já entraram na cidade, trocaram o nome, montaram uma câmara de deputados. Eles... eles querem acabar conosco.

- Eles conseguiram mudar o nome da cidade. Que bom!
- Você não está entendendo. Agora além de um desvio ortográfico, nós temos um desvio parlamentar.
- Ah.
- Eu preciso de sua ajuda.
- O que posso fazer?

O mendigo palitava uma cera no ouvido enquanto imaginava uma resposta.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said:

Bem...já sabia da tua capacidade intelectual, mas teu alcance imaginário beirando a loucura é supreendente! Gostei da história...como comentaram no cap. 1,é nojento e causa curiosoidade.

3/23/2006 05:33:00 PM  
Anonymous Anônimo said:

capitulo 9, ja... sisqueci de perguntar milhares de vezes: o que aconteceu em 87? nao vai terminar essa bagaça agora, né?

3/29/2006 08:32:00 PM  

Postar um comentário

<< Home